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Pedro Paiva

Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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Flórida: Civilização ou Barbárie

Basicamente, na Flórida qualquer pessoa tem o direito de atirar para matar quando se sente ameaçada por um invasor na sua propriedade

Manifestantes seguram cartazes pedindo reforma nas leis sobre posse de armas nos EUA  (Foto: Jonathan Drake/Reuters)
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No último dia 15 de junho, na Flórida, um limpador de piscina foi alvejado com 30 tiros. O autor dos disparos, Bradley Hocevar, o dono da casa, acreditava que Karl Polek se tratava de um invasor. Por sorte, nenhum dos tiros acertou Polek, de 33 anos, mas ainda assim ele sofreu ferimentos por causa dos estilhaços de vidro.

Essa notícia saiu recentemente no Washington Post e me chamou a atenção por diversos motivos diferentes. Me fez pensar na máxima “Civilização ou Barbárie”. A Flórida, estado que vem servindo de laboratório para a extrema direita dos EUA, sobretudo para o governador Ron DeSantis, está cada dia mais próxima da barbárie.

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O estado, um dos favoritos pelos turistas brasileiros e por ex-presidentes inconformados, é um dos que possui, desde 2005, uma lei chamada de “Stand Your Ground”. Basicamente, qualquer pessoa tem o direito de atirar para matar quando se sente ameaçada por um invasor na sua propriedade.

Perceba: o simples medo, algo absolutamente subjetivo, é suficiente para que um tenha o direito de tirar a vida de outro. O medo em questão não precisa ser relacionado a uma invasão em andamento, mas sim à possibilidade de uma invasão. Por isso, na Flórida, você pode atirar e matar alguém que está no seu jardim, mesmo que essa pessoa não tenha forçado nenhuma porta ou portão para estar lá. A lei da Flórida é uma das mais abrangentes do país.

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A lei é tão absurda que, no ano passado, um homem de Tampa, na mesma região onde aconteceu os 30 tiros no piscineiro, foi absolvido de um assassinato que cometeu, em 2014, dentro de um cinema. Curtis Reeves, um ex-policial de 79 anos, matou a tiros Chad Olsen, de 43 anos, após uma discussão sobre uso de celular na sala. Chad Olsen jogou um saco de pipoca em Reeves que, por sua vez, atirou para matar. O júri considerou que a lei se aplicava a essa situação, ainda que não fosse em uma propriedade privada, e criou um precedente sombrio.

No mês passado, uma mulher branca, de 58 anos, assassinou uma vizinha negra, mãe de 4 filhos, de 35 anos. A assassina já tinha assumido ter usado xingamentos racistas contra as crianças. Após uma dessas vezes, a mãe foi até a casa da vizinha reclamar. Chegando lá, foi assassinada. A polícia local afirma que neste caso a lei do “Stand Your Ground” não pode ser usada, mas o tema ainda vai a julgamento. Visto o histórico do estado, é difícil acreditar que ela sofrerá alguma consequência.

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Outro fato que me chocou sobre a notícia recente foi o de que nenhum dos 30 tiros acertaram a vítima. O argumento daqueles que defendem o porte de armas nos EUA, e também no Brasil, é que todo cidadão tem o direito a se defender. Em uma situação como esta, caso o piscineiro fosse de fato um assaltante, a arma provavelmente teria sido mais um fator de risco para a família, visto a inaptidão do sujeito em utilizá-la.

Mas, para os republicanos, a lei da Flórida é um grande avanço. Assim como a que persegue os imigrantes ou a que censura professores e livros em escolas do estado. Todas elas servem de outdoor para o governador fascistinha soft que quer presidir o país.

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